terça-feira, julho 11, 2006
Primo Augusto,
Nós por cá todos bem, à excepção da D. Adelaide, a senhora da pensão que me alugou o quarto, muito simpático por sinal, para eu ficar até arranjar outra coisa melhorzita, que deixou cair uma tábua em cima do pé e, vê lá a pontaria que ela tem, que deixou cair o lado da tábua que tinha o prego mesmo em cima do pé. O marido dela bem lhe disse para ela não ter a mania de ser sempre uma sacrificada, mas nem Cristo lhe valeu e teve de levar 4 pontos.
Eu cá vou andando. Tenho andado um bocadinho aflita dos meus joanetes, por andar tanto. Aqui é quase como aí, ando, ando, ando, mas é tudo muito longe. Já me disseram que há umas camionetas que se podem apanhar e que é mais rápido, mas ainda tenho de me informar melhor sobre isso, porque não quero ser enganada. É que aqui há muitas, estão sempre a passar de um lado para o outro e vá que eu me engane e vá parar a algum sítio estranho? Já me avisaram que: em terra de cego, quem tem olho é Rei, mas por aqui até não há muitos cegos, por isso, não sei muito bem o que é que isto quererá dizer. Achas que podes perguntar aí à prima Mariazinha se ela sabe?
E tu, às vezes, pareces mesmo que és bimbo. Ó homem, o Lobo Antunes de que te falei na outra carta é um que era médico e depois se dedicou à escrita. Certamente que assim deve ganhar mais dinheiro… Depois empresto-te o livro para leres, se bem que como tu és, que só gostas de ler A Bola e o Crime, não sei bem se vais gostar e aviso já que não é para ficares com o livro para sempre, como fizeste com aquele CD de música que o primo Chico trouxe de França para mim.
Já me ia esquecendo. Tens de me contar das tuas peripécias com a Maria Ceifeira. Sabes que a prima continua a achar que vocês davam um belo casal, não sabes? O que eu gostava de te ver de cravo na lapela, à espera que a Ceifeira entrasse pela capelinha da Nossa Senhora da Agonia de véu e grinalda, como manda a tradição. Mas para casamenteira já temos a nossa querida Teresa Guilherme, não é?
Em relação ao emprego ainda não há novidades, mas hoje já fui a uma fábrica de queijos frescos, onde precisavam de uma embaladeira, pelo que na próxima carta espero já ter boas notícias.
Até lá, fico à espera que me digas como estão todos por aí. Já agora, se te cruzares com o Manel da Hortense dá-lhe a minha morada, para ele me escrever se quiser.
Beijinhos da prima Josefina
Nós por cá todos bem, à excepção da D. Adelaide, a senhora da pensão que me alugou o quarto, muito simpático por sinal, para eu ficar até arranjar outra coisa melhorzita, que deixou cair uma tábua em cima do pé e, vê lá a pontaria que ela tem, que deixou cair o lado da tábua que tinha o prego mesmo em cima do pé. O marido dela bem lhe disse para ela não ter a mania de ser sempre uma sacrificada, mas nem Cristo lhe valeu e teve de levar 4 pontos.
Eu cá vou andando. Tenho andado um bocadinho aflita dos meus joanetes, por andar tanto. Aqui é quase como aí, ando, ando, ando, mas é tudo muito longe. Já me disseram que há umas camionetas que se podem apanhar e que é mais rápido, mas ainda tenho de me informar melhor sobre isso, porque não quero ser enganada. É que aqui há muitas, estão sempre a passar de um lado para o outro e vá que eu me engane e vá parar a algum sítio estranho? Já me avisaram que: em terra de cego, quem tem olho é Rei, mas por aqui até não há muitos cegos, por isso, não sei muito bem o que é que isto quererá dizer. Achas que podes perguntar aí à prima Mariazinha se ela sabe?
E tu, às vezes, pareces mesmo que és bimbo. Ó homem, o Lobo Antunes de que te falei na outra carta é um que era médico e depois se dedicou à escrita. Certamente que assim deve ganhar mais dinheiro… Depois empresto-te o livro para leres, se bem que como tu és, que só gostas de ler A Bola e o Crime, não sei bem se vais gostar e aviso já que não é para ficares com o livro para sempre, como fizeste com aquele CD de música que o primo Chico trouxe de França para mim.
Já me ia esquecendo. Tens de me contar das tuas peripécias com a Maria Ceifeira. Sabes que a prima continua a achar que vocês davam um belo casal, não sabes? O que eu gostava de te ver de cravo na lapela, à espera que a Ceifeira entrasse pela capelinha da Nossa Senhora da Agonia de véu e grinalda, como manda a tradição. Mas para casamenteira já temos a nossa querida Teresa Guilherme, não é?
Em relação ao emprego ainda não há novidades, mas hoje já fui a uma fábrica de queijos frescos, onde precisavam de uma embaladeira, pelo que na próxima carta espero já ter boas notícias.
Até lá, fico à espera que me digas como estão todos por aí. Já agora, se te cruzares com o Manel da Hortense dá-lhe a minha morada, para ele me escrever se quiser.
Beijinhos da prima Josefina